quinta-feira, 9 de setembro de 2021

A maior coincidência do mundo!

 

Homenageio o meu saudoso tio e padrinho,

João Sobrinho Gondim, o Joca.


                O ano era 1972. Estava eu em São Paulo, capital, alojado no Estádio do Pacaembu. Fazia parte de uma operação nacional do Projeto Rondon. Aguardava a partida para a cidade onde atuaria, Tarabai. Eu e um monte de universitários. Eram todos estudantes do Norte e Nordeste brasileiros. Eu cursava agronomia em Belém. Eram feitas reuniões diárias a fim de organizar os deslocamentos das equipes para os municípios paulistas que receberiam o Projeto Rondon.

                Em um dos intervalos das diversas reuniões do grupo todo, eu e mais dois colegas de equipe, decidimos passear pela cidade, enquanto a hora da partida para o interior não chegava. Resolvemos ir caminhando para conhecer o centro da capital paulista. Rodamos extasiados com a verdadeira cidade de concreto. Prédios e mais prédios. Por volta de meio dia resolvemos voltar para o almoço. Como disse, todos estudantes universitários e sem grana pra comer sequer um sanduíche. Foi na caminhada de volta para o alojamento do estádio que tudo aconteceu. Já eram quase meio dia e precisávamos almoçar.

                Retornávamos calmamente pela rua Beneficência Portuguesa, centro, quando de repente passa em nossa frente em direção ao meio-fio, um senhor de paletó. Cruzamos sem parar. Porém, milésimos de segundos adiante, minha memória aflorou de forma límpida e cristalina e disparou um sinal como se fosse uma sirene:

                – Eu conhecia aquela pessoa!-- pensei. Ao mesmo tempo voltei o rosto em direção a ela e instintivamente gritei!

                – Ei, Tio Joca! – Dei um grito sem pensar ou avaliar a situação de um possível constrangimento. Ele bruscamente parou, virou-se pra mim e sorrindo escancaradamente, me respondeu:

                – Você é o Carlos José, filho do mano Lindalvo, que mora em Belém do Pará?! – falou ele. Não deu tempo nem pra responder. Nos abraçamos. – Vamos, venham comigo. Vamos almoçar em casa! – falou ele abrindo a porta do carro que estava estacionado bem em frente da gente. Seguimos todos. Apresentei meus colegas a ele, contei de nosso objetivo ali e começamos a conversar. Uma conversa amistosa, alegre e cheia de recordações. Relembramos a última vez que tínhamos nos encontrado presencialmente, como se diz hoje. Quase dez anos atrás. 1965! Eu tinha quatorze anos! E assim fomos. Meus colegas ficaram a maior parte do tempo calados, talvez, tentando entender toda a inusitada situação.                     Ao aproximar-se de sua casa, alguns minutos adiante, ele começou a manobrar para estacionar. Abruptamente reacelera o carro e não para. Ficamos todos espantados sem entender o que estava acontecendo. – Tão vendo esses dois – falou ele apontando para dois sujeitos que vinham em passos acelerados em direção ao carro do meu tio. – São bandidos! Iriam nos assaltar! Engolimos em seco e seguimos com ele. – Vou dar a volta no quarteirão e esperar eles sumirem. E assim ele fez. Voltamos e estacionamos, agora em segurança na frente da casa do meu padrinho Tio Joca. Almoçamos todos, conversando e relembrando a família. O resto do dia foi só alegria e recordações.

                Ao final, ele foi nos deixar na frente do Estádio do Pacaembu. Penso que esta tenha sido a maior, das maiores coincidências de minha vida!

Com esta publicação presto homenagem ao saudoso colega Tito Lys Batista de Souza, que comigo estava na ocasião deste inusitado fato.

Para saber mais, clique sobre as palavras sublinhadas em vermelho.


Publicado em 09 de setembro de 2020  em WEBARTIGOS

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