segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Dona Maria e Seu José

 

Homenageio a Amizade e

dedico aos saudosos Seu José da Silva Telles e

D. Maria de Lourdes da Silva Telles.


            Em um dos sete dias da semana, não sei precisar em qual deles, Dona Maria e Seu José visitavam meus pais. Era sagrado. Em outro dia, também semanalmente, meus pais, Jacy e Lindalvo retribuíam a visita. Eles traziam sua filha e claro eu e meu irmão íamos com nossos pais até eles. As visitas se davam, impreterivelmente no início da noite. Íamos a pé até a casa deles. Morávamos na Rua Veiga Cabral, próximo da Praça Amazonas, bairro da Cidade Velha. Pegávamos a Rua Veiga Cabral até a Trav. Padre Eutíquio e dessa até a Rua Ó deAlmeida, esquina da Travessa Frutuoso Guimarães, no bairro do Comércio, onde moravam. Esses quase dois quilômetros de distância entre as duas casas, tirávamos em cerca de meia hora. Nem a distância, nem o tempo importava. E eles vinham à nossa também a pé. Era a década de mil novecentos e sessenta e Belém era pacata, calma, com poucos veículos nas ruas.

            Ao chegar em casa o Seu José sentava-se em uma cadeira já posta pelo meu pai à entrada do pátio, uma pequena mesa de centro e em outra cadeira meu pai. O jogo de damas começava. Ao mesmo tempo atualizavam as notícias e trocavam ideias. Dona Maria, seguia com minha mãe até o quarto de costura situado ao fundo da casa e lá papeavam. Colocavam em dia os acontecimentos e trocavam as mais variadas ideias e assuntos. Todas as semanas era essa rotina. Eles vinham até nossa casa e nós íamos até a deles. Esses encontros duravam horas e horas…

            Seu José e D. Maria trabalhavam no Serviço de Proteção ao Índio, SPI que depois passou a ser Fundação Nacional do Índio, FUNAI. Meu pai era dentista militar do Exército Brasileiro e servia no Hospital Geral de Belém, HGB e minha mãe costureira, de mão cheia, diga-se de passagem.

            Hoje, várias décadas passadas, muitos fatos acontecidos e muitos outros conhecidos, eu devaneio em lembrar essa bonita amizade. Meus pais já se foram e o Seu José também. Dona Maria, corajosa encara a vida como ela é. Trocamos de vez em quando telefonemas. Neles conheço mais um pouco, fortaleço os vínculos fraternos e levo adiante essa tão bonita e profunda amizade.

Para saber mais, clique sobre as palavras sublinhadas em vermelho.

Publicado em 07 de junho de 2013 em  WEBARTIGOS

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