Ele foi contratado no Serviço Nacional de Empregos, SINE, em Belém,
Pará. Era um ex-recruta da Marinha e estava desempregado. Quem fez o
contatos e o encaminhou para o sítio foi o meu pai. Lá chegando,
conversamos sobre o trabalho e ele sempre afirmativo. Sabia disso,
sabia daquilo, etc. Apresentei o sítio todo, a casa onde ele ficaria
e avisei que no outro dia, cedo, as atividades começariam. Dito e
feito. Na presença do Brás, um funcionário local que trabalhava
desde o início com a gente, apresentei o novo caseiro, as atividades
diárias rotineiras e todo o bê-á-bá do sítio. A fim de testá-lo
em suas habilidades de campo, passei uma primeira tarefa: Cortar umas
canaranas, triturá-las no desintegrador-picador-moedor, DPM elétrico
e servir aos porcos. Entreguei-lhes um par de botas cano longo, uma
foice e perguntei-lhes, reforçando:
– Sabes manejar esta
ferramenta? – De pronto respondeu que sim. Olhei pro Brás que iria
acompanhá-lo, como se mentalmente estivesse dizendo:
– Vai
com ele, mostra onde é e fica observando o jeito dele.
A área
de corte de canarana se localizava nos fundos do terreno, em um
terreno baixo, tipo igapó. E lá foram os dois.
Algum tempo
depois, talvez, uma hora adiante, sou surpreendido com o retorno dos
dois, sem nenhuma canarana sequer cortada. O novo caseiro, cabisbaixo
e o Brás com olhar apreensivo.
– Que aconteceu? –
Perguntei.
O novo caseiro, com a cara suada apontou para um dos
pés, que ainda estavam calçados com as botas.
– Me
furei!
– Como? – Perguntei, olhando para o Brás confuso
e com a cara prestes a cair na risada.
– Foi com a
foice!
– Como? Repeti a pergunta.
– Ele não sabe
usar a foice, seu Carlos! – Sentenciou o Brás.
– Na
hora de dar o lance a foice voltou pra ele batendo em seu pé! Chegou
a furar a bota, de tão forte foi o lance! – Completou o Brás.
Pedi
pra ele tirar as botas pra mim verificar o corte, etc. Felizmente o
corte foi pequeno. Um esparadrapo, e uma gaze embebida com mertiolate
que guardava na pasta de primeiros socorros do sítio, sanou o
ferimento. Por essa e por outras trapalhadas, uma semana depois o
caseiro voltou a ser desempregado.
Para saber mais, clique sobre as palavras sublinhadas em vermelho.
Publicado em 23 de abril de 2018 em WEBARTIGOS
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