– Triiim – Êpa!
– Triiim – triiim. – Pulo da cadeira…
– Triiim, triiim, triiim, triiim – Tomo o telefone sem fio descansado, colocando-o ao pé do ouvido. Aguardo. Uma voz do outro lado avisa: “No momento, não posso atender. Após o sinal, deixe o seu nome, telefone e recado.” Espero. Ninguém reponde à voz gravada. Aguardo mais um pouco. Nada. Sinal de ocupado. Descanso o telefone ao meu lado. Corro pra cozinha onde está o outro telefone – um velho Ericsson do Brasil, de disco.
– Triiim, triiim, triiim, triiim, triiim, triiim, triiim. Êpa! De novo!? Desta vez deixei dar os sete apitos da campainha do aparelho da cozinha. Rapidamente, retorno ao sem fio ao ouvido. A mensagem se repete… Dou um grito! Chamo um palavrão daqueles! Ofendo a mãe do provável ouvinte da outra ponta do fio… Nada. Ninguém responde. O sem fio descansa de novo. Vou dormir.
– Triiim, triiim, triiim. Com um movimento rápido como se fosse um mocinho do faroeste americano, saco o revólver, ou melhor, o telefone sem fio que dormia ao meu lado.
– “Pliiim! Seis horas, trinta minutos e quarenta e cinco segundos”. Confiro no relógio de pulso. Aguardo. Ninguém fala. Dá o sinal de ocupado. Retorno o sem fio e me levanto. Acabo de ser despertado pela hora certa que não disquei, nem programei.
No meio da manhã resolvo consultar a operadora telefônica.
– Você acredita em fantasma? – Pergunto à telefonista chamada Glória. Ela não responde. Continuo: -- Pois bem, ontem à noite aconteceu!
– Aconteceu o quê, senhor?
– Apareceu um fantasma em minha linha! – Respondi com a cara parecendo um verdadeiro idiota.
Contei o caso e arrematando disse: – A coisa se repetiu e em nenhuma delas eu estava usando o meu telefone! Nem tentando discar telepaticamente, brinquei.
– Seu nome, número e endereço – falou ela, teclando as minhas informações.
– Não se preocupe. Dentro de vinte e quatro horas o seu problema será investigado. Desliguei.
Nesta noite o fenômeno se repetiu. Tentei decodificar os triiins: Algarismo 1 – trim. Algarismo 2 – triiim, triiim. Algarismo 3 – triiim, triiim, triiim. E assim por diante. O zero era o mais longo deles… A campainha do velho Ericsson repetia os movimentos da mão do fantasma.
– Aconteceu de novo ontem à noite – falei pra telefonista, agora chamada Tânia.
– Meu senhor faça o seguinte: Ligue pra este número 3233-**** (as estrelinhas são minhas, pelo motivo óbvio que a ficção não explica).
– Brigado. – Desliguei.
– Alô. É do 3233-****?
– É.
– O que se trata?
– Tu acreditas em fantasma?
– Rarará!
– É o seguinte: Blá, blá, blá, blá, blá…
– Aguarde.
– …
– Não deu nada…
–?
– Meu senhor. Ligue pra nós quando estiver acontecendo o fato.
– Este telefone atende à noite?
– Não senhor. Só no horário comercial.
– Mas como…
Vamos mandar um funcionário rastrear desde a caixa do seu prédio até a central.
– Humm.
– Té logo.
– Té – Desliguei.
Às vinte e uma horas e cinquenta e três minutos dessa noite o fantasma voltou a atacar.
– Rastreamos toda a linha. Trocamos um transistor. Nada. Não detectamos absolutamente nada.
– E ai? Ontem o número que o fantasma discou era de aparelho celular. Quem vai pagar? Serei eu?
– Não se preocupe. Isto não acontecerá.
– E qual é a solução?
– É por causa do telefone sem fio! É ele o fantasma!
– Mas como? A tecla “talk” têm que ser acionada. E em todas as vezes que o fenômeno “paratele” acontece, eu não estava usando o aparelho!
– É…
–??? – Desliguei.
O fantasma continua a frequentar o meu aparelho. E pior, apareceu em minha conta telefônica mensal…
Para saber mais, clique sobre as palavras sublinhadas em vermelho.
Publicado em 21 de novembro de 2013 em WEBARTIGOS
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