segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O Fantasma do telefone

 

– Triiim – Êpa!

– Triiim – triiim. – Pulo da cadeira…

– Triiim, triiim, triiim, triiim – Tomo o telefone sem fio descansado, colocando-o ao pé do ouvido. Aguardo. Uma voz do outro lado avisa: “No momento, não posso atender. Após o sinal, deixe o seu nome, telefone e recado.” Espero. Ninguém reponde à voz gravada. Aguardo mais um pouco. Nada. Sinal de ocupado. Descanso o telefone ao meu lado. Corro pra cozinha onde está o outro telefone – um velho Ericsson do Brasil, de disco.

– Triiim, triiim, triiim, triiim, triiim, triiim, triiim. Êpa! De novo!? Desta vez deixei dar os sete apitos da campainha do aparelho da cozinha. Rapidamente, retorno ao sem fio ao ouvido. A mensagem se repete… Dou um grito! Chamo um palavrão daqueles! Ofendo a mãe do provável ouvinte da outra ponta do fio… Nada. Ninguém responde. O sem fio descansa de novo. Vou dormir.

– Triiim, triiim, triiim. Com um movimento rápido como se fosse um mocinho do faroeste americano, saco o revólver, ou melhor, o telefone sem fio que dormia ao meu lado.

– “Pliiim! Seis horas, trinta minutos e quarenta e cinco segundos”. Confiro no relógio de pulso. Aguardo. Ninguém fala. Dá o sinal de ocupado. Retorno o sem fio e me levanto. Acabo de ser despertado pela hora certa que não disquei, nem programei.

 No meio da manhã resolvo consultar a operadora telefônica.

– Você acredita em fantasma? – Pergunto à telefonista chamada Glória. Ela não responde. Continuo: -- Pois bem, ontem à noite aconteceu!

– Aconteceu o quê, senhor?

– Apareceu um fantasma em minha linha! – Respondi com a cara parecendo um verdadeiro idiota.

Contei o caso e arrematando disse: – A coisa se repetiu e em nenhuma delas eu estava usando o meu telefone! Nem tentando discar telepaticamente, brinquei.

– Seu nome, número e endereço – falou ela, teclando as minhas informações.

– Não se preocupe. Dentro de vinte e quatro horas o seu problema será investigado. Desliguei.

Nesta noite o fenômeno se repetiu. Tentei decodificar os triiins: Algarismo 1 – trim. Algarismo 2 – triiim, triiim. Algarismo 3 – triiim, triiim, triiim. E assim por diante. O zero era o mais longo deles… A campainha do velho Ericsson repetia os movimentos da mão do fantasma.

– Aconteceu de novo ontem à noite – falei pra telefonista, agora chamada Tânia.

– Meu senhor faça o seguinte: Ligue pra este número 3233-**** (as estrelinhas são minhas, pelo motivo óbvio que a ficção não explica).

– Brigado. – Desliguei.

– Alô. É do 3233-****?

– É.

– O que se trata?

– Tu acreditas em fantasma?

– Rarará!

– É o seguinte: Blá, blá, blá, blá, blá…

– Aguarde.

– …

– Não deu nada…

–?

– Meu senhor. Ligue pra nós quando estiver acontecendo o fato.

– Este telefone atende à noite?

– Não senhor. Só no horário comercial.

– Mas como…

Vamos mandar um funcionário rastrear desde a caixa do seu prédio até a central.

– Humm.

– Té logo.

– Té – Desliguei.

Às vinte e uma horas e cinquenta e três minutos dessa noite o fantasma voltou a atacar.

– Rastreamos toda a linha. Trocamos um transistor. Nada. Não detectamos absolutamente nada.

– E ai? Ontem o número que o fantasma discou era de aparelho celular. Quem vai pagar? Serei eu?

– Não se preocupe. Isto não acontecerá.

– E qual é a solução?

–  É por causa do telefone sem fio! É ele o fantasma!

– Mas como? A tecla “talk” têm que ser acionada. E em todas as vezes que o fenômeno “paratele” acontece, eu não estava usando o aparelho!

– É…

–??? – Desliguei.

O fantasma continua a frequentar o meu aparelho. E pior, apareceu em minha conta telefônica mensal…

Para saber mais, clique sobre as palavras sublinhadas em vermelho.

Publicado em 21 de novembro de 2013 em WEBARTIGOS



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Divulgação do Livro Amazônia: Do Quase Paraíso Verde ao Provável Deserto Vermelho e Cinza

  Olá! Peço que divulguem em suas redes sociais e de algodão... PARA CONHECER MAIS, ACESSE E LEIA:  Onde está publicado e disponível também ...