“A pele da água é o caminho do homem, a sua carne é a residência dos peixes”, disse o poeta e escritor amazonense Thiago de Mello.
O rio Amazonas é classificado pela cor de suas águas, como um rio de águas brancas. Na verdade, não são exatamente brancas e sim da cor de café com leite, muito leite. Em contrapartida, o rio Negro, um de seus maiores afluentes é classificado como de águas negras, e o é verdadeiramente.
As águas brancas são devidas à grande quantidade de matéria mineral que os rios carregam. E isto se dá porquê esses rios nascem ou correm em terrenos sedimentares, ricos em sais minerais. O caso mais famoso da Amazônia, portanto, é o rio Amazonas, que nasce na região andina e pré-andina, onde a erosão é muita intensa, o que provoca um carreamento muito grande de sedimentos.
Como no seu curso, alteram lugares com grande correnteza – provocando o fenômeno das terras caídas – e outros, de pequena correnteza – onde os sedimentos são depositados – as várzeas assim formadas, funcionam como uma grande fábrica ecológica: os sedimentos minerais recebidos do rio são transformados pelas plantas aquáticas e terrestres, de crescimento rápido e intensa reprodução, em materiais orgânicos (folhas, troncos, frutos, sementes). Em seguida, retornam para as águas do rio. Estima-se que, quando o rio Amazonas alcança o oceano Atlântico, a quantidade de carbono orgânico (elemento vital nas estruturas vivas) por ele transportado, é de cerca de 100 milhões de toneladas por ano e grande parte disto é produzido nas várzeas (Junk, 1980).
Rubens Lima, em 1956, encontrou em média, em cem gramas de matéria mineral coletada nas águas do rio Guamá, a aproximadamente dez quilômetros de sua foz, 61 gramas de limo, 25 de argila e 14 gramas de areia fina. Baseado em valores obtidos por Harald Sioli em 1953, estimou, ainda, que em cada litro de água do rio, a maré deixava, sedimentados nas várzeas, aproximadamente 0,1 grama daquelas partículas. Em um ano, seriam oito toneladas de sedimentos deixados pelas marés, numa área de um hectare. Assim, percebe-se a grandeza que o rio Amazonas carrega em sedimentos e que, quando na época das cheias periódicas do rio (no médio e alto curso) e diariamente, pelas marés nas regiões do estuário (foz) em no baixo curso, são lançados nas suas margens e nelas se depositam.
As várzeas são, portanto, a renovação da pele deste grande organismo vivo chamado rio Amazonas.
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Publicado em 15 de maio de 2013 em WEBARTIGOS
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