segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O colecionador

 

                Quando eu tinha uns 12 anos colecionava quase de tudo. Desde moedas antigas a selos de cartas, dentre outras. Pequenas pedras que encontrava pelas ruas e praças. Embalagens de cigarros como se dinheiro fossem. Fichas de refrigerantes para trocar por figuras de personagens de Walt Disney. Figurinhas de papel de personagens de filmes famosos ou de times de futebol, especialmente da seleção brasileira, colecionadas em álbuns dedicados para este fim. Enfim, um mundo cheio de coleções ou quase isso.

                Talvez a de selo tenha sido a primeira delas. Os envelopes das cartas que minha mãe recebia pelos Correios, depois de lê-las, eu pedia pra recortar os selos. Tratava-os com água em um pequeno pires; horas depois, com cuidado, removia os selos do papel e os colava em uma folha de caderno de desenho, comprado para este objetivo.

                As das moedas comecei com um presente que ganhei de meu pai. Uma latinha com algumas delas. Fiquei curioso e comecei a pesquisá-las. Mil réis, cents e outras que não lembro a procedência. Só sei que a maioria eram brasileiras e portuguesas. Lembro que recolhi diversas delas entre os entulhos em que certa vez a rua de casa, a Rua Veiga Cabral, foi aterrada. Fui saber tempos depois, que a origem desses entulhos eram as construções históricas do bairro da Cidade Velha que estavam sendo demolidas… Entre as brasileiras, uma grande me chamou a atenção. Era de prata. Tempos depois, já jovem, resolvi transformá-la em medalha de pescoço com cordão e tudo. Acho que era moda na Jovem Guarda.

                As pedras foram resultados de alguns passeios pela Praça da República, antigo Largo da Pólvora, em Belém, Pará. Percebi que as calçadas de alguns dos caminhos por onde a gente passava eram revestidos de uma pedrinha esbranquiçada e arredondada. Algumas delas, soltas, as raptei e levei pra casa. Outras recolhi no chão da rua e outras por onde eu passava… Acho que foi nessa época que eu pensei pela primeira vez qual a profissão seguir e lembrei de geólogo!

                As fichas de refrigerante, na verdade, era por causa do prêmio que receberia ao juntar uma certa quantidade delas. GuaraSuco, Coca-Cola, Grapette, Pepsi-Cola eram as marcas que mais faziam essas promoções. Depois de alcançar o número mínimo para troca, esperava ansioso a passagem do caminhão pela rua para fazer as trocas! Os prêmios variavam desde copos a miniaturas de personagens de desenhos do Walt Disney.

                A coleção de embalagens de cigarros, na verdade, eram transformadas em “dinheiro”. Catava as embalagens pelo chão por onde estivesse caminhando e em casa fazia o devido tratamento. Removia o invólucro da folha de alumínio que revestia os cigarros.
E a folha impressa da marca desamassava com cuidado e as dobrava como as cédulas de dinheiro verdadeiro. O invólucro com uma folha de alumínio era transformado em bola. Deixava descansar em uma vasilha com água e depois, com cuidado, removia o papel celulose que se soltava e deixava a lâmina de alumínio fino inteira. Ao fim, amassava carinhosamente essa com a mão para formar uma bola que ia crescendo à medida que novas folhas de alumínio eram conseguidas. No grupo de colegas era disputado o campeonato de quem tinha a maior bola de alumínio!

                Uma coleção especial era a de letras e palavras impressas em diversas formas – hoje chamadas de fontes – e tamanhos. Ao folhear uma revista já lida pelos meus pais, como a Manchete, O Cruzeiro, Capricho, Contigo e outras que me chegavam às mãos, eu selecionava aquelas que mais gostava, recortava com cuidado e colava em um caderno de desenho também adquirido exclusivamente para este fim. Devo dizer que me ajudavam bastante na hora de fazer algum trabalho escolar que exigisse confecção de cartaz.

                Prestes a entrar no Científico – o ensino médio de hoje – as formas das folhas das plantas me chamaram a atenção. Por onde andasse que tivessem plantas, desde jardins até bosques eu coletavas as que estavam no chão. Guardava com cuidado e em casa as colocava entre folhas de livros de tamanho apropriado. Deixava secando por algum tempo e depois ia vê-las. Me impressionavam as formas e as suas intricadas “veias”. Certamente me encorajaram a seguir a carreira de agrônomo que tinha na botânica uma das matérias básicas e dentro dela a taxonomia e a sistemática. Foi aqui que aprendi a fazer as exsicatas!

                Por volta dos dezoito anos, já cursando o Científico, meus interesses voltaram-se para as bancas de jornais e revistas de rua, uma modalidade de comércio que estava aflorando em Belém. Passei a ser freguês diário de uma que se instalara na calçada da av. Nazaré, próxima da Basílica de Nazaré, em Belém, Pará. Diariamente, ou nos intervalos das aulas ou ao fim das mesmas, lá ia eu e um colega visitar a banca de revistas. Passava minutos e mais minutos folheando as publicações expostas, sempre com o olhar atento e cuidadoso do dono da banca, que nos acompanhava e às vezes dava sugestões de novas publicações.

                Foi nesse período que passei a ser um leitor inveterado do jornal O Pasquim, Opinião, dentre outros, que passei a guardar cuidadosamente os exemplares comprados e lidos. Em dois dias da semana eu comprava as edições do jornal O Globo. Por acaso descobri uma coluna chamada “Qual é o Tom”, que publicava a letra de uma música popular brasileira, acompanhada com as cifras para tocá-la ao violão, instrumento musical que eu estava aprendendo na época. Cuidadosamente eu recortava a coluna e a colava em uma folha de caderno de desenho. Cheguei a ter três volumes dessa coleção. Era o tempo dos festivais de música, da Bossa Nova e da Jovem Guarda!

                Nesse mesmo período, a Editora Abril, precursora em todo o Brasil das coleções fasciculadas, tinha acabado de lançar a primeira enciclopédia ilustrada fasciculada: a Conhecer. Semanalmente eram lançados novos fascículos e ao fim de um certo tempo, sua capa e elementos desta para encadernar. Penso que foi nesta época que comecei a dar importância para o bom trato com os livros. Cuidados ao guardá-los e disciplina para mantê-los organizá-los.

                A grana era pouca mas dava pra comprar alguns deles. Foi assim que colecionei a segunda edição da enciclopédia Conhecer e passei a colecionar diversas novas publicações lançadas então. Edições da História de Nossa Música Popular Brasileira (acompanhava um disco vinil); Grandes Compositores da Música Clássica (idem); Jorge Amado; Os Pensadores; Os Grandes Cientistas; Ciência Ilustrada; Como Funciona; e muitos outros. Comprava regularmente, além do Pasquim e Opinião, as revistas National Geographic, O Planeta e outras logo que eram lançadas. Mais tarde, já com o serviço de assinaturas a nível nacional, passei a ser assinante de algumas delas como a National Geographic, que tinha maravilhosas fotografias coloridas, e O Planeta, que tratava de um tema para mim profundamente interessante, os ETs e os fenômenos extraordinários.

                Estas coleções, todas devidamente encapadas, encadernadas, etc., me acompanharam por muito tempo em minha vida. Nas mudanças temporárias de endereços e cidades, elas me seguiam guardadas em caixotes e comigo viajavam. Uma das situações mais marcantes que guardo foi durante o meu vestibular para Agronomia em 1970. Ia para o sofá da sala solitária e calma da casa de meus pais, e ouvia as músicas clássicas na eletrola de casa. Era uma forma que encontrara para relaxar do estresse diário das terríveis provas que estava enfrentando.

                E finalmente, lembro que foi através do uso de um pequeno microscópio montado a partir das peças que acompanhavam um kit da coleção Os Grandes Cientistas, que descobri maravilhado a reprodução das células da cebola, agora já calouro de Agronomia!!! Já dentro da faculdade, quando comecei a estagiar e ganhar alguma grana, fiz assinaturas das revistas Globo Rural e Guia Rural, que tratavam especificamente dos temas agropecuários, alvo de meu curso profissional. Estas me acompanharam por muito tempo e me ajudaram quando fui sitiante na hora de fazer as castrações dos leitões, aula que faltei na faculdade…

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Publicado em 27 de setembro de 2021 em WEBARTIGOS

domingo, 26 de setembro de 2021

O pé de goiabeira

 

                Ao lado do prédio onde moro tem um pé de goiabeira. Algumas semanas atrás ele estava cheio de frutos. A sua copa ultrapassava a altura do muro que separa a casa do vizinho do prédio. Alguns dos seus galhos chegam a debruçarem-se generosamente para o lado do prédio, onde fica uma rampa que dá acesso à garagem superior. De fácil alcance, portanto, sem precisar escada. Esse é o meu trajeto rotineiro quando preciso ir à garagem. Numa dessas vezes, olhando este cenário, veio um pensamento que remeteu imediatamente à minha infância: 

                Será que esses frutos ficariam dando sopa no pé por muito tempo se hoje eu ainda fosse criança? Perguntei intrigado pra mim mesmo. Simultaneamente dei a minha resposta sem pestanejar: Não! Claro que não! Já teríamos dado eu e outros garotos um jeito de colhê-los. Fácil, fácil!!! Completei.

                Em minha infância, passada a grande maioria dela no bairro da Cidade Velha, Belém, Pará, pouquíssimos veículos nas ruas que nem asfaltadas eram, eu brincava na rua, isto é, quando conseguia escapulir dos olhos atentos de minha mãe costureira que me vigiava de seu quarto de costura no fundo de casa. Eu matreiramente, esperava a ocasião de uma freguesa chegar e quando o caminho estava livre corria, abria silenciosamente o portão e ia brincar na rua.

                Bem perto de casa, dobrando a esquina da trav. Ângelo Custódio, à direita, existia um terreno baldio e no limite dele um quintal com uma rústica cerca feita com estacas de acapu. A gente apelidou o lugar de Rancho Fundo. Era o meu local preferido para brincar. E o meu brinquedo predileto era baladeira, sim, baladeira ou estilingue… Dentro deste terreno, havia um pé de mangueira bastante alto que era periodicamente visitado por periquitos e outros pássaros quando começava a safra do delicioso fruto. Porém, sua copa não alcançava o limite do quintal. Rotineiramente, após minha chegada do colégio ao final da manhã, trocava apressadamente a roupa e me mandava para lá, sempre é claro, às escondidas de minha mãe. Quando via as mangas maduras já caídas no chão ou quando acertava uma certeira balada em uma delas por mim escolhida, dava um jeito de abrir espaço entre as estacas da cerca pra que meu magro corpo passasse por ela e assim adentrava com o maior cuidado e atenção a fim de resgatar o fruto desejado. O tempo que permanecia dentro do quintal era o mínimo possível, visto que na casa localizada alguns metros adiante, era habitada e, é claro, ralharia energicamente a gente pela invasão… É claro que antes de fazer tudo isso, investigava se tinha cachorro no quintal. Para a nossa alegria, a casa não tinha nenhum cachorro, só algumas galinhas e patos

                Agora, algumas dezenas de anos depois, na mesma cidade transformada pelo progresso e aumento populacional, a situação é outra.

                Retorno aos tempos presentes e continuo a minha reflexão. Da rampa próxima do muro e dos ramos frutíferos da goiabeira, vejo um grupo de garotos sentados no chão, compenetrados quase todos com seus celulares smartfones nas mãos. Quase não levantam suas cabeças para ver ao redor, parecem hipnotizados pela tela do aparelho digital. Bem perto deles a generosa goiabeira oferecia seus frutos maduros.

                Os dias se passaram e os deliciosos frutos maduros, com ou sem os bichinhos dos frutos continuavam lá até serem finalmente devorados por pipiras e outros passarinhos visitantes habituais do lugar. E os garotos continuavam  em seu passatempo digital diário. 

                Quantas diferenças de mundo! Ah, se fosse no meu tempo de criança!

(*) Artigo escrito por mim em 15 de abril de 2021

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

O canto do galinho garnisé

 

                Desperto quase diariamente com um cantar diferente e de certa forma inesperado: O canto de um galinho garnisé.


Começa por volta das quatro e meia da madrugada e não para mais dia afora. Pelo som que me chega sei que é um galo garnisé – já tive vários, tempos atrás, quando era sitiante. É uma raça de galináceo cujo tamanho é bem menor que das galinhas domésticas comuns. São criados mais como decoração ou ornamentação do terreiro do que para qualquer outra finalidade econômica. Pela intensidade do som que escuto sei que está bem próximo. Certamente de um vizinho ao prédio onde moro, mas até agora não vi onde o mesmo está. As casas ao redor, pouquíssimas delas têm quintal. Umas com micros quintais sem chão com terra e plantas, outras, na verdade, são áreas destinadas à lavanderia, churrascaria, depósito, etc. Já dei várias olhadas mais acuradas em diferentes períodos do dia, mas em vão. Escuto o som, porém, o seu autor, não. É um canto melancólico, extremamente melancólico e triste. Cocorocó!!! Completo. Tem início, meio e fim, mas repito: extremamente melancólico e triste.

Ele continua a cantar durante a manhã toda e até a tarde! – Será que está chamando uma companheira para o acasalamento? – conjecturo eu. – Ou será que está triste por estar preso em uma gaiola? – Continuo a especular… – Que mensagem ele está transmitindo? Pesquisei no Prof. Google a existência de algum aplicativo que convertesse os sons do galinho em palavras, frases e textos humanos. Achei um aplicativo para cães, isso mesmo: tradutor para cachorro! Quero saber o dia em que a Humanidade traduzirá o horror da fome, da tragédia das guerras e dos males que assolam ainda hoje, uma grande porção dos seres humanos!

                Digo que é inesperado porque moro em meio urbano e como disse acima, tem pouquíssimos quintais nas casas ao redor. Escuto eventualmente, sim, outros cantos. São aves que certamente estão se adaptando ou já se adaptaram ao ambiente urbano onde a luminosidade noturna é muito intensa, ruídos de buzinas e veículos, além dos infernais sons automotivos frequentes na redondeza, especialmente estacionados em postos de combustíveis e praças. Os sabiás-laranjeiras começam a cantar também no clarear do dia. Mas estes cânticos são musicais, harmoniosos e gostosos de se ouvir. Lembram das matas e dos cenários naturais que a cada dia ficam mais distante daqui. As pipiras e sanhaços, idem. Alguns desses fazem ninhos em caixas de ares-condicionados ocupadas ou não no prédio, outros em postes de energia elétrica, ou nos beirais de casas, ou ainda, em alguma eventual árvore de arborização pública ou dos raros quintais, como forma de sobreviverem na selva de pedra. Sem esquecer, é claro, dos que os tem como animais de estimação, os pets em gaiolas.

                Mas de todos os sons que escuto, o do galinho garnisé é o que mais me chama a atenção e me impressiona. Parece que ele está mandando uma mensagem para os humanos:

                “– Cuidem-se! Comuniquem-se! Conversem! Exercitem a tolerância, o trato com seu vizinho! Deem bom dia! Falem um ‘como vai’ sincero, ao cruzar com alguém! Deixem de ser egoístas e individualistas! Visitem seus vizinhos, mesmo que seja de forma virtual nesses tempos pavorosos de pandemia! Usem suas redes sociais para expressar a amor, carinho e solidariedade verdadeiras, autênticas, sem exibicionismo ou falsas filosofias!”

                Assim, traduzo, do fundo de meu coração, sem uso de aplicativos, esse canto que me vale mais do que mil palavras ou bytes. Espero que um dia finalmente eu o localize. Mas se isso não acontecer, já me darei como recompensado em ter “traduzido” o seu canto melancólico e triste. O canto do galinho garnisé!


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Publicado em 13 de agosto de 2021 em WEBARTIGOS

domingo, 12 de setembro de 2021

Meu mundo cão

                 De manhã. Ao redor de minha casa

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                De tarde. Ao redor de minha casa: 

        – Au-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au,, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au!

                De noite. Ao redor de minha casa: 

                – Au-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au,, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au!


                De madrugada: Ao redor de minha casa: 

                – Au-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-auau-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au,, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au, au-au!

                Este é o meu mundo cão em plena pandemia. Em pleno isolamento social!

Para saber mais, clique sobre as palavras sublinhadas em vermelho.

Publicado em 13 de agosto de 2021 em WEBARTIGOS


Divulgação do Livro Amazônia: Do Quase Paraíso Verde ao Provável Deserto Vermelho e Cinza

  Olá! Peço que divulguem em suas redes sociais e de algodão... PARA CONHECER MAIS, ACESSE E LEIA:  Onde está publicado e disponível também ...